uma imagem das condições nos anos 80
as novas instalações
O Futebol das Crianças – Parte I
Actualmente a nossa sociedade “aprisiona” cada vez mais as nossas crianças, já não existem as tardes na rua a jogar Futebol ou as cabanas nos montes. Este fenómeno tem consequências no processo de crescimento e formação da criança, que um treinador de Futebol tem de ter em consideração.
Há dias li uma entrevista ao Professor Carlos Neto, docente da Faculdade da Motricidade Humana, em que retirei algumas citações, que considerei mais pertinentes para a minha actividade de treinador, que me levaram a compreender melhor o comportamento das crianças que estão sob a minha responsabilidade:
Brincar na rua, sem adultos a tomar conta, é uma coisa que a maioria das crianças portuguesas desconhece. Um espantoso sinal dos tempos, relatado por investigadores: para estes miúdos enclausurados pelo medo crescente dos pais e a presença das novas tecnologias, o recreio escolar será o único local que resta para brincar livremente.
Os pais estão cada vez mais a inventar a infância dos filhos e o modo como fazem poderá estar já a deturpar o seu desenvolvimento. Por exemplo, começam a correr e chocam com a cabeça uns dos outros. O afinamento perceptivo está em decadência.
O tempo que pertence por direito às crianças, para fazer o que lhes apetece, está a ser roubado pelos adultos.
Ao contrário das vivências experimentadas pelas gerações antes delas, a maioria dos miúdos de hoje desconhece em absoluto, a explosão de energia que acontecia nas ruas no final de cada dia passado de aulas.
Brincar é treinar para o inesperado.
Não é só o corpo, é também a alma que se encontra ameaçada.
O que isto tem relacionado com o Futebol das crianças? Brincar na rua é uma analogia com o futebol de rua, onde a grande marca libertadora do futebol de rua era fundamentalmente a prática se fazer com jogo. Um jogo variado, consoante as condições (buracos, nº de elementos, balizas ou não) e sem a presença de adultos (familiares e treinadores, que muitas vezes são os maiores castradores do potencial dos jovens). “Brincar é treinar para o inesperado” é das frases mais importantes do texto, isto é o que fazia o futebol de rua e é uma das principais funções de um treinador formador e não formatador.
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